quarta-feira, 20 de maio de 2009

O incidente SUZAN BOYLE

Pra quem não sabe, Suzan Boyle é uma mulher de 47 anos que vivia até pouco tempo no completo anonimato. Passou de mais uma senhora desempregada da Escócia para musa do You Tube ao se candidatar para o concurso Britain´s Got Talent, , mais um desses reality shows em que talentosos desconhecidos procuram alguma notoriedade e chances de realizarem seus sonhos.


Há muita coisas que eu poderia dizer sobre Suzan. Poderia dizer que ela não tem o vocabulário mais sofisticado entre os britânicos. Poderia dizer que ela se veste como uma camponesa e que tem cabelos mal cuidados. Poderia dizer que ela me lembra a mãe italiana de um candidato a faz tudo da máfia que eu um dia vi em um filme qualquer. Quem a vê pisar em um palco, pode estranhar o fato de não haver pendurado em seu braço esquerdo um bom pano de prato. Ela parece uma daquelas grandes cozinheiras gordas que cheiram a alho. Mas o que eu TERIA que dizer, e o que importa que seja dito, é que ela escolheu cantar em sua audição, uma canção do musical Les Miserables e a cantou divinamente. Ela deixou todos os jurados a beira das lágrimas e fez o público inteiro aplaudir em pé seu subestimado talento.

Linda cena. Realmente.

Mas, sem querer de forma alguma arranhar o brilho dessa imensa vitoria de Suzan, me ocorreu um pensamento que divido aqui...

Já te pareceu estranho o modo com que as pessoas parecem se surpreender sempre que alguém feio realiza algum grande feito?

É quase como se fosse senso comum que gente feia não consiga fazer nada direito. E sempre que alguém como a Suzan dá uma dentro... Multidões vão ao delírio. Parece que, por algum motivo, é surpreendente que gente feia consiga fazer qualquer coisa!


Os jurados de Britain´s Got Talent fizeram todo tipo de elogio à performance de Suzan Boyle, mas ao ouvi-los, eu só conseguia interpretar aqueles elogios como grandes ofensas veladas... Talvez eu estivesse em um desses dias em que o sarcasmo me consome, confesso (como quando eu escrevi no blog um post sutilmente ferino sobre Vinícius de Moraes – que Deus me perdoe!).

Eles demonstravam toda sua surpresa e sua aprovação à bela voz de Suzan... E eu só conseguia imaginar os subtextos.... Os comentários que eles NÃO fizeram. Algo assim:

Jurado Um: "Estou absolutamente perplexo! Como pode uma voz tão linda, vindo de uma pessoa tão feia!"

Jurado Dois: "Meu Deus! Se meus olhos estivessem vendados, eu ao te ouvir, seria capaz de jurar que você era uma mulher atraente! Você canta tão bem! Você canta como uma mulher atraente!"

Jurado Tres: "Uau! Com a sua voz e o corpo da Britney Spears, você dominaria o mundo!"

Segue o Video do You Tube, pra quem quiser dar uma olhada.

http://www.youtube.com/watch?v=j15caPf1FRk

WAY TO GO, SUZAN!

= )

segunda-feira, 18 de maio de 2009

LITURGIA É QUE É CONTRAVENÇÃO!


É engraçado que as vezes, tudo muda e ninguém parece perceber.

Hoje reli um tópico de uma comunidade sobre BDSM em que alguém (por quem tenho grande simpatia, cabe dizer) reclamava os seus direitos de não ser litúrgica. Quem tem boa imaginação, poderia quase vê-la ofegante,rasgando as roupas em desespero, gritando que achava liturgia uma grande babaquice. E que estava cansada de ser julgada como a “ovelha negra” do SM, só porque gostava de cenas publicas feitas sempre em um contexto de absoluta descontração. Para ela, pareceu-me, BDSM é algo simples e prático: Está com vontade? Vá e faça! Não está? Continue tomando sua cerveja (uma postura lógica e a ser respeitada, como qualquer outra) E ela parecia lutar muito por esse direito de ser respeitada nesse seu estilo, não litúrgico, até talvez anti-liturgico, de ser.
Quem não é do meio, e a vê, tão empenhada em seu ideal, poderia a imaginá-la como uma grande revolucionária, encabeçando um movimento novo e desconhecido aos tão retrógrados e puristas praticantes do BDSM, esses litúrgicos incorrigíveis que não permitem que no vasto leque do SM se abrigue qualquer um que não se ajoelhe imediatamente perante um TOP, no exato minuto em que notam sua presença.

E eu me perguntei: Será que eu e ela freqüentamos os mesmos clubes BDSM? Será que lemos os mesmos textos em comunidades, que conhecemos as mesmas pessoas? Será que vivemos o BDSM no mesmo mundo? Porque eu não vejo onde é que estão esses litúrgicos cruéis e intolerantes dos quais ela parece falar.
Como sempre posso estar errada em minhas analises, parei por um momento, tentando trazer á lembrança as ultimas 10 ou 15 cenas publicas que eu havia tido a oportunidade de presenciar. De fato, naquele dia, nenhuma delas havia sido algo que pudesse se classificar como litúrgico ou mesmo formal. Todas haviam sido cenas curtas, sem qualquer traço de reverencia ou tensão. Todas haviam sido cenas leves, nascidas como que de uma brincadeira. Em algumas, enquanto alguém apanhava no X em meio a risadas e comentários irreverentes, outros presentes nem observavam a cena, mas sim conversavam livremente, uns com copos de cerveja nas mãos, espontâneamente.
Tentei então relembrar, das pessoas com quem tenho algum contato, quais eu poderia chamar de litúrgicas, ao menos no que diz respeito a cenas e sessões SM. Achei uns 5 ou 6. Seguindo no exercício mental, consegui levantar entre meus conhecidos, em menos de 5 minutos, mais de 30 nomes de pessoas que realizam cenas na mais completa informalidade.

Cheguei a uma conclusão: Hoje em dia, Liturgia é que é contravenção!
Os litúrgicos, alem de serem minoria, por algum motivo, ainda recebem a fama de realizarem uma repressão que, no meu ponto de vista, não se verifica.

Não se verifica porque, os únicos litúrgicos de que consegui me lembrar, assistem as cenas dos não litúrgicos e as respeitam. Muitas vezes até fazem comentários que as exaltam em algum aspecto.

Nesse contexto, me pergunto, o que é igualdade?
Entendo que igualdade seria que não se apontasse como erro, nem a liturgia, e nem a falta dela. Que litúrgicos e não litúrgicos convivessem bem, sem que se pusesse a culpa pelos erros do SM, nem em quem se recusa a ajoelhar-se perante um TOP, e nem em quem se ajoelha prontamente, considerando esse ato uma demonstração de respeito.

Eu, que amo liturgia, me sinto a ovelha negra do SM quando leio posts que insinuem que liturgia é babaquice. Quem decidiu que se eu me ajoelho para meu Dono, estou desrespeitando aquela que cumprimenta o Dono dela com um tapinha jocoso nas costas?
Eu não me sinto ofendida quando presencio a irreverência. Eu sorrio para ela. Acho que é algo que demonstra intimidade. Acho que as cenas espontâneas podem ser lindas, também, dentro de um estilo que eu em geral não sigo, mas respeito.

Mas a mim, no que diz respeito ao tema, o que realmente encanta, arrebata, faz sonhar, é entrar em um Dungeon bem decorado, iluminado por velas, ambientado com musicas apropriadas e em que impera o silencio e a atenção do publico para com as cenas que se apresentam a seus olhos.
Gosto que existam sim, regras de conduta. Me agrada. Me envolve.
Gosto de simbologia. Gosto dos pequenos rituais. Gosto da organização.
Não imponho, nem tento impor a ninguém a liturgia que sigo. Até porque, ela exige um certo perfil. Não é todo mundo que se interessa. Esse é um ponto. Mas também não é todo mundo que é capaz compreende-la. E em geral, as pessoas que mais tiram sarro, que mais criticam, dizendo que se negariam veementemente a seguir essa liturgia, são exatamente pessoas que eu creio não terem nem mesmo condição de segui-la. Eu jamais as aconselharia a fazer as coisas que eu faço. Elas não querem. E eu não julgo que seria apropriado aos sagazes tiradores de sarro, o uso de rituais que são expressões de sentimentos intensos.

Digam o que disserem, eu que já freqüentei muitas plays litúrgicas afirmo que, o fato de haver toda uma ambientação e preocupação com a liturgia, não tira, de forma nenhuma, a força da entrega. Quem quer ser falso, é falso com ou sem liturgia. Quem quer simular, simula no silencio de um Dungeon a luz de velas, ou no barulho de um Dungeon informal. Liturgia não é falta de conteúdo. É exigência de conteúdo e expressão dele, de formas belas e cheias de símbolos.

Tenho amigos de todas as tribos e de todos os estilos no BDSM. Nunca deixei de cumprimentar ninguém ou de sentar a mesa com alguém apenas por ter um estilo diferente do meu. Mas o que vejo hoje, e me perdoem a honestidade, é uma divisão infantil. É quase como se houvesse uma mesa reservada para a massa critica, que está sempre pronta a ridicularizar toda e qualquer manifestação litúrgica. Que seria isso? Medo? Mas medo de que? Do diferente? Medo de que quem chega vá ser raptado pelos formais caso alguém não os oriente sobre os perigos da liturgia?

Que bobagem!

Seja Liturgico! Ou seja informal! Mas deixe de ser ANTI-LITURGICO. Isso sim é que é tirania!



=)

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Pink Poison


Lanço mão de minha alquimia
Paixões em tubos de ensaio
Junções quase sempre explosivas
Veneno Antimonotonia

É um medo, medo da vida
Posto em tão alta velocidade
Que se alia a uma estranha ousadia
Veneno Antimonotonia

Um choro no meio da noite
Ou um riso onde não poderia
Desprezo total por rotina
Veneno Antimonotonia

Desconforto no que é hereditário
Consolo na instável magia
Carta sem destinatário
Veneno Antimonotonia



;)

tavi