segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

SETE - Parte 6 - Armand

- Scarlet, você está bem?
Abri os olhos.
- Armand?
- Não, scarlet. Sou eu. A naya. Você está bem?
- Que horas são?
- Quatro da tarde.
A luz machucava meus olhos. Eles pesavam. Era difícil permanecer acordada.
- Eu preciso voltar pra o JOSHUA.
- JOSHUA não está mais aqui. Mas logo deve retornar. Ele mandou que eu viesse te dar um banho. Miss Catsy me deixou sob os cuidados dele.
- Me dar um banho? Naya, onde a gente está?
Percebi que eu estava deitada em uma cama com um revestimento impermeável. Então compreendi
- Estamos na casa 6 – ela confirmou – Está é a casa do Monsieur Armand.
Levantei com dificuldade. Dois grandes espelhos cobriam totalmente duas das paredes do quarto de Armand. O lençol deslizou pelo meu corpo. Naya olhou-me, totalmente perplexa. Andei até o espelho mais próximo. Não havia uma parte de mim que não tivesse sido marcada pelo punhal de Armand. Estendi meus braços. Toquei minha pele. Algumas marcas eram de cortes que ele havia aberto em mim. Outras eram apenas de arranhões, ainda bem visíveis.
-Scarlet. Fica calma. São cortes superficiais. As marcas vão sair em duas ou três semanas.
- Que pena! – respondi, ainda me olhando no espelho – são lindas.
- Você é realmente estranha, scarlet – ela sorriu – Vem, hoje eu que vou cuidar de você.
Naya encheu a banheira e entrou nela comigo.
- Noite longa – ela comentou. Rimos juntas.
- Como foi? – perguntei.
- Você quer mesmo saber?
- Quero, eu acho...
- Ah... Horrível!
- Horrível?
- Eu não estou falando mal do seu Senhor, scarlet. É que eu não sinto prazer algum em estar com um homem. Eu não sou como você. E nada vai me mudar. Está aliviada em saber disso? – ela provocou.
- Não sei. Acho que não. O que é estranho. Eu deveria ter ficado. Não acha?
- Talvez. Cada uma de nós sente essas coisas de forma diferente. Submeter-se nem sempre é o mesmo que amar.
Eu nunca havia achado que amor e ciúmes precisavam estar conectados. Mas era estranho eu não ter sentido nada. É verdade que fiquei humilhada, ferida em meu orgulho, por não ter conseguido o maior preço no leilão. Mas tê-lo visto ali, em cena, expondo todo o prazer que sentia ao toca-la e usa-la da forma que ele desejou, não me fez sentir mal como eu imaginei que me sentiria. E isso me confundiu.
Amor e submissão são dois sentimentos muito fortes. Mas eu não sabia dizer qual dos dois era maior ou mais nobre. E nem sabia quanto de cada um deles havia no outro. Pode-se submeter-se a quem não se ama de nenhuma maneira? Pode-se amar uma pessoa completamente sem desenvolver nenhum tipo de submissão por ela, ainda que inconscientemente? E o que eu sentia pelo JOSHUA afinal? O que era aquele sentimento que me permitia impunemente vê-lo com outra pessoa, mas que me enlouquecia se eu sequer imaginasse a possibilidade de tê-lo desagradado?
Naya tocava um de meus cortes.
- Gosto da sua pele...
Eu não consegui sorrir.
- No que você está pensando, scarlet. Onde você está?
- Aqui... Como eu vim parar aqui, naya? Eu não me lembro de ter subido. Foi o Armand que...
- Ele te trouxe pra cá ainda em subspace. Você apagou completamente.
- Naya, eu não consigo lembrar...
- Eu não sei o que ele fez com você. Eu não estava aqui. Mas se você não se lembra, não deve ter sido nada memorável – naya sorriu maliciosamente, e piscou pra mim.
- Não. Nós não... Ele não fez isso, naya. Eu sei.
-Como você pode ter tanta certeza, se estava apagada? – ela perguntou.
- Se ele tivesse feito, eu saberia.
- Mas como você...
- Eu simplesmente sei – interrompi.
Naya secou meu corpo e voltamos para o quarto. Enquanto eu secava meus cabelos, ela me contou o que havia se passado, enquanto eu dormia.
- Armand não te devolveu no horário combinado. É bom você saber que o JOSHUA não está contente com isso.
- Mas eu não tive culpa.
- Não. Não teve. Não se preocupe demais com isso. Agora vá. Logo o JOSHUA estará de volta. Vou arrumar as coisas aqui na casa seis.
Eu fui em direção à escada.
- Não – disse naya – Não vá para a masmorra. Você deve espera-lo na casa um.
Sorri. Eu conhecia o JOSHUA o suficiente pra saber que se ele queria me ver em sua casa, ele provavelmente tinha algo importante a me dizer. Até então, eu havia feito tudo certo. Eu fui uma escrava capaz de ir muito longe por ele. Mesmo sem o conforto de um nome no meu pescoço. Mesmo sem qualquer evidencia direta de sua apreciação por mim, eu o segui. Tudo que eu fazia havia sido por ele. E os meus pensamentos, todos, se voltavam ao meu objetivo de provar-me sua. Meus momentos haviam sido todos dele. Desde o tormento de ser sido rejeitada e entregue ao Sadismo emocional do Senhor Ventríloquo, de passar meus dias em uma cela fria, de ter minha imagem exposta a pessoas desconhecidas, de trabalhar, servir, ser torturada até mesmo pelo meu próprio desejo, que ele se negava a satisfazer, até ser vendida ao Monsieur Armand e marcada por ele, tudo eu havia suportado, prontamente, como um ser que não mais se pertence. Era possível que houvesse chegado a hora de eu receber a minha recompensa.
Caminhei pelo terreno e entrei na casa um, nua e descalça.
Ele bebia um suco, sentado em sua poltrona.
Ajoelhei-me a seus pés.
- Sente-se – ele disse, apontando para o sofá.
Obedeci.
JOSHUA me entregou algumas caixas. Em uma delas havia um belíssimo corset, todo bordado em preto e vermelho. Na outra, um vestido curto, mas de muito bom gosto e incriticável qualidade. Também havia uma caixa com o salto mais alto que eu já havia tocado. E meias 7/8. E um sobretudo que devia sozinho custar mais do que todas as peças de roupa que eu tinha.
- Vista-se – ele ordenou – as roupas são suas.
Novamente obedeci. O glamour daquelas vestimentas e a forma como elas exaltavam tudo em mim, me fez saber que ele as havia escolhido, peça a peça, especificamente para mim. Olhei-me no espelho. Ele sorria para o meu encantamento com tudo aquilo, para a minha inocência, tão feminina, que examinava a maciez do toque de cada tecido. Ajeitei meus cabelos. E ao terminar, sentei-me novamente no sofá.
- Vamos sair essa noite, Senhor?
- Não – ele respondeu – Você vai. Tem algo que eu preciso que você faça pra mim. Essa noite haverá uma festa fetichista. Eu preciso de uma presença feminina. Alguém que nunca tenha sido vista antes.
Meu sorriso sumiu de meu rosto.
- Quer que eu vá espionar a festa para o Senhor?
- Não.
JOSHUA levantou-se de sua poltrona e sentou-se ao meu lado. Então pegou uma fotografia em seu bolso e me mostrou.
- Este é um amigo meu. Ele será apresentado a ti como Black Eagle. Por anos eu tenho acompanhado seu discurso, suas cenas públicas e sua conduta que tem me parecido impecável.
- Mas... – completei, prevendo algum porém.
JOSHUA sorriu
- Sim, scarlet. Tem um “mas”. Existem rumores de que ele comete alguns abusos com algumas submissas. Obviamente ele não o faria com as que tem muitos contatos, ou que são bem articuladas e detém conhecimento sobre as práticas. As pessoas que o acusaram de quebra de consensualidade foram duas submissas iniciantes. E depois de passarem pela experiência que alegaram ter sido abusiva, retiraram-se do meio. Ele alega que foi difamado por ter rejeitado aquelas mulheres. Eu não tenho como verificar a veracidade das informações com elas.
Eu não conseguia olhar para ele.
- O Senhor quer que eu corra riscos pra te provar que um Dominador serve para o seu grupo?
- Scarlet, não vai acontecer nenhum mal a você. Pode confiar em mim.
Pensei por alguns segundos. Era difícil confiar.
- Mesmo que eu não considerasse esse seu pedido uma falta de preocupação imensa com a minha integridade física, eu não poderia garantir que eu conseguiria seduzi-lo. E se conseguisse, ele poderia achar que eu não sou a pessoa certa pra ele tratar sem preocupação.
JOSHUA riu. Levantou-se e me levou até o espelho. Arrancou meu sobretudo com um movimento brusco.
- Olha pra você, criança. Veja essas marcas em seus braços, em suas costas, em suas coxas... Me diga se você parece alguém que tem muito cuidado com sua integridade física... Black Eagle, assim que avistar esses cortes, vai te rotular como exatamente o tipo de garota com quem ele pode fazer o que quiser, impunemente. Isso, lógico, caso ele seja exatamente como foi pintado por aquelas garotas.
Eu chorei de raiva e de decepção. Mas eu também chorei por me sentir culpada, mesmo sabendo que na verdade eu não tinha culpa de nada.
- Foi por isso, não foi? Foi por isso que me entregou para o Armand... Pelas marcas... Elas são bem oportunas agora.
- O Armand te comprou. Eu não te entreguei pra ninguém em especifico. Te entreguei pra quem pagasse mais por uma noite com você.
- Mas o Senhor sabia. Sabia que seria ele. Sabia o que ele iria fazer. Tudo que o Senhor faz é manipular as pessoas a sua volta. Tudo é calculado por aqui. Vocês não são sete. São um só. E eu não sei mais se eu gosto de quem vocês são.
- É seu direito, scarlet. Você pode optar por pensar assim. Tudo que você fez até agora foi pelo teu sonho. Entenda, tudo que eu faço é pelo meu sonho. E ele é nobre, você acredite nele ou não. Você pode ir embora se quiser. Seu carro continua estacionado no mesmo lugar. As portas estão abertas pra você. Eu não prendo ninguém que não queira ser presa. Eu não firo ninguém que não precise ser ferida. E é por isso que eu não deixaria entrar aqui alguém que já foi acusado de agir contra a consensualidade e a segurança de mulheres que eu nem mesmo conheço. Não sem antes testar sua forma de agir. Você pode me ajudar nisso, ou não. Eu o farei do mesmo jeito. Nem que eu seja julgado por você. Eu não perverto meus valores. E agora, o que me importa é garantir a segurança de qualquer mulher que sirva a um dos Sete. Se você se for, eu entenderei. Mas seria uma pena. Você chegou tão perto...
- Tão perto de que?
- Tão perto de ser minha!
Sequei minhas lágrimas.
- Entendo... E depois, se eu fizer isso...
- Se você se sair bem nessa tarefa, você terá me provado seu valor como submissa. E eu não deixo nada de valor escapar pelas minhas mãos.
- Está me dizendo que...
- Se tudo sair de acordo, você será minha.
Se por um lado eu via nobreza em seus propósitos, por outro eu via apenas o descaso com a minha segurança. A rejeição que eu havia sofrido até então me cegava e eu era capaz de odia-lo por alguns instantes.
- Sim, Senhor. Eu irei.
Ele sorriu e completou
- Mas... Ainda tem algo que você quer me dizer...
Eu o olhei nos olhos. E me surpreendi por não ter sido nem um pouco tentada a baixar o olhar. E foi o turbilhão de sentimentos confusos que passavam por mim que me deu forças pra dizer:
- Eu não te amo, JOSHUA.
Ele passou as mãos, gentilmente, pelos meus cabelos.
- Eu sei, scarlet. E estou contente que agora você também saiba. Agora, me obedeça!
****
Tony me aguardava no carro, já do lado de fora do portão, quando eu saí. Sentei-me ao seu lado.
- Hey, princesinha. Pronta pra missão?
- Desde que você não me faça ir até lá ouvindo seus terríveis CDs de rock experimental, estou pronta.
Ele riu. E ligou o rádio.
Olhei para trás. Naya e becky estavam indo também.
- A nina não vem? – perguntei.
Becky riu:
- E o que a nina iria fazer lá? Chorar se algo desse errado?
Naya estava visivelmente desconfortável. Perguntei se ela estava bem.
- Tony – disse naya – isso não está fazendo sentido. Essa tarefa não é o que parece. Se fosse, não precisariam de mim pra nada.
- Naya, não pense. Hoje você não está aqui para pensar.
Naya tentou retrucar, mas Tony aumentou o som. E foi o caminho todo comentando sobre as músicas comigo. Tony sempre conseguia me acalmar. Ele sabia que era preciso. Eu não sou exatamente a pessoa mais eloquente desse mundo. Eu não estava acostumada a seduzir. Já era bastante difícil pra mim manter uma conversa fluindo em qualquer ocasião social. Eu teria que entrar em um ambiente hostil, ganhar a atenção e o interesse de Black Eagle, e conseguir que ele quisesse fazer uma sessão comigo. Era pedir demais para alguém como eu.
O evento era em uma casa noturna, no centro da cidade. Logo na entrada, eu já via todo o tipo de gente. Drag Queens dividiam o espaço com casais bem vestidos e de porte elegante. Meninas de coleira diziam não para garotos de camiseta preta e jeans, que pediam para beijar seus pés. Um moço loiro, simpático, que segurava uma garota bem jovem pela guia, sorriu para a becky. Sua escrava fechou o rosto e o puxou para conversar. Os dois brigavam na porta quando eu entrei.
O ambiente era escuro, mas mesmo assim, alguns exibicionistas perfuravam seus subs com agulhas. Em alguns cantos, casais ensaiavam pequenas cenas, simultaneamente. As pessoas na pista de dança moviam-se ao som de música eletrônica enquanto um garoto de uns vinte e poucos anos era tatuado. Os convidados exibiam muito couro, vinil e látex. Era comum ver pessoas mascaradas ou até mesmo nuas.
Localizei Black Eagle em poucos minutos. Ele estava no bar, conversando com um casal, aparentemente iniciante. Tony fez sinal para que eu aguardasse com as meninas. Ele iria se aproximar primeiro, pois Tony e Eagle já se conheciam. Vi quando os dois se cumprimentaram. Becky me puxou pra dançar. Achei que seria melhor do que ficar parada, no meio daquela festa inusitada. Enquanto becky parecia honestamente se divertir, eu me movia apenas o necessário. Meu coração acelerava. Eu estava tensa demais.
Então naya apareceu na pista e me puxou pra perto dela. Pos suas coxas entre as minhas, segurando-me pela cintura, como se ela quisesse apenas dançar de forma sensual. Na verdade ela só precisava me afastar da becky. Tinha algo que ela queria me dizer:
- Scarlet, me escuta. O Armand está aqui. Isso não faz sentido. No dia da festa, eu ouvi quando ele disse para o JOSHUA que hoje estaria fora da cidade. Eu estava servindo bebidas para os dois. Tem alguma coisa muito errada acontecendo. Eu ainda não sei o que é. Mas eu vou descobrir. Toma cuidado. Não faz nenhuma besteira.
- Onde está o Armand? Onde você o viu?
- Olha à sua esquerda – ela disse.
Virei-me discretamente. Armand estava encostado na parede, olhando diretamente pra mim. E tinha algo no seu olhar que me chamava. Eu não sabia o que fazer.
Armand se aproximou e me tomou de naya, sem hesitação. Eu senti suas mãos nas minhas costas, me puxando pra perto. Eu ouvi sua voz no meu ouvido, quase sussurrando:
- Você gostou das marcas que eu deixei em você?
- Sim, Senhor. São lindas. Obrigada.
Naya me olhava com reprovação.
- Scarlet, quando estávamos juntos, eu senti algo. Eu preciso saber se você sentiu também.
Eu sabia do que ele estava falando, mas achei melhor fingir que não.
- O que o Senhor sentiu? – perguntei
- Eu senti... Eu senti que você é perfeita pra mim.
- Senhor, eu não sei. Eu também senti alguma coisa. Mas eu estou confusa...
- Scarlet, eu sei o que ele quer que você faça. Mas o Eagle é um cara perigoso. Mais do que você pode imaginar. Eu não quero você com ele em um quarto. Isso é loucura.
- Mas o JOSHUA falou que eu estaria segura. Eu preciso confiar.
- o JOSHUA... Já pensou que talvez o JOSHUA não seja o que parece ser? Você vai realmente confiar nele?
- Sim, Senhor... Eu acho... Eu não sei... Tudo isso é tão estranho...
- Não vá. Não faça isso – ele disse.
- Senhor, eu preciso – eu respondi.
- Scarlet, Eu acabei de jogar um celular no seu bolso. Se alguma coisa sair do seu controle, tente discar para o ultimo número da lista. Você sabe fazer isso?
- Sim, Senhor.
- ótimo. Eu receberei a ligação imediatamente.
Armand se afastou de mim, me deixando sozinha na pista de dança. As meninas já estavam ao lado do Tony, e acenavam para mim.
Cada passo que dei foi contra os meus desejos. Cada frase que disse, tentando conseguir a atenção de Black Eagle, me feria. O meu sorriso era vazio. E enquanto minhas mãos tocavam o braço daquele Senhor desconhecido, meus olhos rodeavam o lugar à procura dos olhos de Armand.
Black Eagle não me deu muito trabalho. Foi fácil introduzir um assunto qualquer e deixar que ele falasse, sozinho, contando suas histórias fantasiosas sobre tudo o que supostamente ele já havia feito com uma mulher. Quando Tony percebeu que a conversa fluía, afastou-se com as meninas. Logo erámos apenas nós dois. E não demorou até que ele me convidasse para conhecer sua masmorra, que, segundo ele, ficava há apenas alguns quarteirões dali.
No carro, Black Eagle parecia um pouco menos gentil e menos paciente. Mais de uma vez ele tocou minha coxa. Uma das vezes, retirou com a unha a casquinha de cicatrização de um dos cortes e disse:
- Você realmente deixou esse cara acabar com você, não foi?
Eu tive medo. Ele tornava-se cada vez mais desagradável. E parecia gostar da ideia de estar genuinamente me repelindo.
Eu demorei para perceber que estávamos sendo seguidos. Uma moto se aproximava, depois dava espaço, sumia pra voltar um pouco depois. Era Armand. Eu podia senti-lo perto.
Black Eagle continuava dirigindo para locais estranhos e afastados.
- Estamos muito longe?
- Longe de onde?
- Da sua masmorra, Senhor.
Black Eagle riu nervosamente.
- E pra que uma masmorra? O que eu quero fazer com você eu posso fazer em qualquer lugar.
- Encantador... Mas não foi o que combinamos, Senhor. Por favor, pare o carro – enquanto falava, pus minha mão no bolso e tocando o celular com discrição, fiz como Armand tinha me instruído.
Black Eagle continuou dirigindo. E deslizava uma das mãos nas minhas pernas. Me esquivei.
- Eu não quero – disse. Eu não quero e eu não estou brincando. Você mentiu sobre a masmorra e sobre quem você é. Eu reconheço uma farsa quando eu vejo uma, e você não passa de uma farsa. Não me toca!
Ele então me deu um tapa com as costas da mão, quase perdendo o controle do carro. Eu senti gosto de sangue em minha boca.
A moto novamente se aproximava, e nos ultrapassou e foi diminuindo a velocidade, fechando o carro, e obrigando Black Eagle a fugir para o acostamento e frear bruscamente.
Assim que paramos, abri a porta. Black Eagle ainda tentou me impedir de sair, mas viu que Armand descera da moto e caminhava em nossa direção.
Armand o tirou do carro, puxando-o pela camisa. E o que ele fez com Black Eagle, eu prometi que jamais contaria. Mas eu garanto que as marcas que Armand deixou nele, levaram bem mais tempo pra sair do que as marcas que ele havia deixado em mim. Armand tomado pela raiva, era invencível. Ele ganhava uma força pouco comum. Eu tive que fechar os olhos.
Depois disso, Armand me abraçou.
- Tá tudo bem agora, ok? Você vai ficar bem.
Eu tremia muito. Ele pôs seu casaco em minhas costas. Depois levantou meu queixo e me puxou novamente pra perto. Eu não pensei. Eu apenas o beijei com uma intensidade única. E o puxei pra mim sem nenhum pudor ou controle. Por alguns segundos eu me sentia livre. E eu seguia os meus próprios desejos. Eu não era escrava de nada. Quem o beijava nem mesmo se chamava scarlet. Quem o beijava ainda não tinha nome. Era essa parte de mim, que eu nunca havia conhecido. Essa nova pessoa que tomava seus desejos nas mãos e os transformava em ações, sem pedir permissão. E nesse momento, tudo o que ela queria era beijá-lo longamente, exatamente como fez.
Outro carro se aproximou. Os faróis incomodaram meus olhos. Demorei a reconhecer Tony e as meninas. Naya desceu do carro e correu a meu encontro.
- Scarlet! Scarlet, você não beijou o Armand, beijou? Me diz que você não o beijou!
Olhei pra ela. Os braços de Armand ainda envolviam meu corpo. Meus lábios ainda estavam marcados pela pressão dos lábios dele. Ela entendeu que eu o havia beijado.
Ela virou-se pra ele, em fúria:
- Vocês encenaram aquela conversa sobre o Senhor estar viajando, não foi?
- Sim, naya. JOSHUA sabia que eu estaria aqui. Na verdade, foi ele quem me pediu para estar aqui.
- Vocês me usaram, não foi? Queriam que eu dissesse pra scarlet que o JOSHUA não sabia de sua presença na festa...
- Sim. Era preciso que ela pensasse que tudo ocorria sem o conhecimento dele.
- Por que? – perguntei – Do que vocês dois estão falando?
Armand explicou:
- Queríamos saber até que ponto iria sua submissão ao JOSHUA. Como eu disse, ele pediu para que eu estivesse aqui. Houve dois motivos para a minha presença nesta festa.
- Que motivos? – perguntei.
- Primeiro, pra te proteger.
Naya derramou uma lágrima. Armand continuou:
- E em segundo lugar, pra te testar. Duas pessoas foram testadas hoje, scarlet. Black Eagle e você. Eu sinto muito. Você não deveria ter me beijado.
(continua...)

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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

SETE- Parte 5 - Subspace


Eles chegaram, juntos, por volta das oito horas. Desceram pelo corredor da casa de número quatro. JOSHUA, Tony e o Senhor Ventríloquo estavam na masmorra. Nina e Becky estavam também no hall, dançando para eles. Com uma ordem dada por um mero aceno, elas interromperam a dança e retornaram aos pés do Senhor Ventríloquo.
Tinha algo na figura daquela mulher que me deixava tensa. Eu observava seu vestido delicado, suas luvas negras, cobrindo a maior parte da extensão dos braços, e os sapatos finos e brilhantes. Ela andava com notável arrogância, como se todo o ambiente a pertencesse. Ao seu lado, conduzindo-a pelo braço, um rapaz, tão bem vestido quanto ela. Ela devia ter uns trinta e poucos anos. A qualquer um que a observasse, sua beleza era inegável, porem seus traços denotavam crueldade. Mas no momento em que avistou JOSHUA, ela abriu um sorriso largo e inocente, desprendendo-se das mãos do rapaz que a acompanhava.
Ela correu até o JOSHUA e o abraçou demoradamente.
- Feliz Aniversário, minha querida.
Dava pra ver que toda a sua frieza se derretia, e sua face até mesmo tornou-se rosada.
- JOSHUA! Como senti sua falta! Que gostoso estar aqui com vocês novamente.
- Parabéns, Catsy – disse Tony, abraçando-a, em seguida.
O Senhor Ventríloquo, mais discretamente, também a cumprimentou. E depois mandou que suas meninas se pusessem aos pés de Miss Catsy, desejando a ela os parabéns.
- Lindas! Adoro suas meninas, Ventriloquo! Naya. Venha cá. Tire minhas luvas.
A menina naya então pos-se aos pés da Dona, e os beijou com devoção. Depois delicadamente retirou as luvas negras de sua Senhora, e encostou os lábios em seu belo e imponente anel.
- Feliz Aniversário, Senhora. – disse, com voz de veludo.
Miss Catsy sorriu. E olhou para o rapaz que a acompanhava.
JOSHUA o recebeu:
- Olá Armand! Como vai?
- Muito bem. Melhor agora, em boa companhia.
Notei imediatamente certa tensão no ar. Parecia que a presença de Armand tinha criado alguma tensão. Eu estava ajoelhada, perto de nina e becky, e perguntei, o mais baixo que consegui:
- Quem é ele?
Becky respondeu:
- Monsieur Armand. Ele faz parte dos Sete. Trate-o com muito cuidado, scarlet. Se possível, nem olhe pra ele.
Eu tentava não olhar, mas ele tinha um jeito enigmático. Era quieto, muito mais que os outros. Movia-se menos. Mas olhava a sua volta, muito mais. Os TOPs sentaram-se à mesa que havíamos montado no centro da masmorra. As escravas permaneciam ajoelhadas aos pés de seus Donos. Eu permanecia no chão, também, encostada na cadeira de JOSHUA. Do outro lado, estava angel, que abraçava um de seus tornozelos.
- Cinco de Sete presentes! – Disse JOSHUA. Isso muito me alegra.
Miss Catsy fez uma expressão quase infantil, de tristeza.
- Sim, sim... Uma pena o Druída não poder estar conosco.
Tony concordou:
- Que falta sinto desse cara! O mais divertido de todos vocês!
JOSHUA riu. Ventríloquo discordou.
- O mais divertido sou eu!
- Nos seus sonhos! – disse Miss Catsy.
Depois de alguns minutos de conversa, nos quais as meninas se moviam do hall para a cozinha, oferecendo bebidas e salgados para os TOPs, o semblante leve de JOSHUA se fez sério:
- Catsy e Armand... Tenho um anuncio um tanto triste pra vocês.
Tony e Ventriloquo, que já sabiam do que se tratava, entreolharam-se.
- O que foi, JOSHUA? Fala logo. Estou ficando tensa com esse mistério.
JOSHUA continuou.
- Perderemos um dos nossos. Infelizmente um de nós não vai poder continuar.
- Mas qual dos dois? A Mistress? Mistress Vera vai sair?
JOSHUA balançou a cabeça, negativamente.
- o Druída? – perguntou Armand – não faz sentido. Por que ele sairia?
- Bem, ele não teve muita escolha. E eu não vou dividir os detalhes de sua vida pessoal perante escravos. Mas vocês sabem que ele tem estado ausente. De qualquer forma, pra mim importa que encontremos alguém para ocupar seu lugar. É nisso que conto com todos vocês. Vocês conhecem as regras. E eu confio no julgamento de cada um. Eu quero que tragam a mim suas indicações. Eu já tenho alguns nomes, mas não há nada definido. Cabe agora testa-los, um a um. E depois fazer o convite.
- Pode contar comigo, JOSHUA – disse Armand, já se recolhendo em reflexão.
- Mas essa noite – disse JOSHUA – é nossa. E queria propor uma play aos que estiverem interessados.
Ví que nina imediatamente se encolheu, como se tentasse se esconder.
- Perfeito! – disse Miss Catsy – buscando o olhar de naya, que sorriu.
- Não é uma boa ideia pra mim – Disse Armand. Eu não trouxe ninguém. E não vou querer ficar apenas apreciando a diversão.
- Eu achei que nunca fosse dizer isso, mas eu concordo com o Armand. Nem todos estão preparados – disse Tony.
JOSHUA sorriu como quem obtém exatamente a reação que desejava.
- Claro... Claro. É verdade. Também é verdade que eu e o Ventríloquo temos mais do que precisamos à mão. Ninguém reparou nessa garota perdida aqui, a meus pés?
- Quem é ela? – perguntou Armand.
- Alguém que faria tudo por mim – JOSHUA sorriu – não é mesmo, scarlet?
- Sim, Senhor – respondi. Minha voz quase não saía.
- É uma joia rara. Uma garota orgulhosa, tentando provar sua submissão.
Miss Catsy interrompeu:
- Entendo onde quer chegar, JOSHUA, mas eu também teria um ótimo uso para essa joia rara.... Veja, Temos 5 escravas presentes. E 5 TOPs. Acho que seria interessante se as leiloássemos. Assim, cada um teria exatamente a escrava por quem estivesse disposto a investir mais.
Os TOPs pareciam deliciar-se com a ideia.
JOSHUA abriu seu sorriso mais largo. E eu soube que um leilão era exatamente o que ele queria desde o primeiro momento. Era incrível como ele sempre conseguia as coisas de forma natural. Seu domínio sobre todos ali, era digno de aplausos. Eu o odiei por isso, naquele momento. Mas então percebi o brilho de satisfação nos olhos de cada um dos TOPs. Apesar de ter poder, JOSHUA parecia saber usá-lo. Sua manipulação, à medida que levava as pessoas à realização, era incriticável. Ele tornava a vida de seus amigos muito mais interessante. Ele sentia suas necessidades. E criava neles, coragem para transformar suas fantasias em realidade. Nada parecia acontecer por acaso, no galpão.
As regras do leilão foram definidas. Quem arrematasse uma garota, teria sua posse até o dia amanhecer. Não havia limites. Cada TOP faria com a garota comprada, o que bem desejasse. Apesar de o esperado ser que cada TOP fizesse apenas um arremate, eles preferiram não descartar a possibilidade de algum deles vencer a disputa por mais de uma peça do leilão. Neste caso, o que ficasse sem ninguém, havia tido, ao menos a chance, e seria, nesta noite, apenas moderador da play que se seguiria.
Miss Catsy colocou as garotas em fila. Ela mexeu em nossos cabelos como quem ajeita sua coleção de bonecas para exposição. Seriamos realmente compradas. E ficara decidido que o valor arrecadado seria investido em melhorias na masmorra. Naya estava atrás de mim na fila. Ouvi quando Miss Catsy disse a ela:
- Consiga o maior lance, menina! Eu ficarei orgulhosa.
A competitividade realmente é estimulante. O prazer de ser reconhecido pela superioridade em qualquer coisa tem um grande poder sobre uma pessoa. O masoquista, eu aprendi, mais tarde, cobra muito de si mesmo. Ele acredita em seu poder. Não se resiste impunemente a uma quantidade de dor que a maioria das pessoas não aguentaria. Algo muda dentro de você quando você percebe a sua força de uma maneira tão evidente. É muito comum que o perfil de um masoquista inclua um desejo, nem sempre assumido às vezes até inconsciente, por ofuscar o brilho de todo e qualquer igual que cruze seu caminho. Não é maldade. É quase uma necessidade de ir além. E esse aspecto da personalidade masoquista começava a aparecer em minhas atitudes. Eu via nina, com seu olhar baixo. Ela tremia. Era claro que sentia-se totalmente humilhada pela ideia de ser leiloada e usada por aquele que mais oferecesse por ela. Angel parecia sentir o mesmo. E becky estava obviamente enfurecida. Apenas naya, parecia concentrada. Eu levantei meu rosto e decidi que eu seria arrematada pelo maior valor. E era JOSHUA quem se sentiria orgulhoso de sua menina.
Nina foi levada ao X e permaneceu de costas para ele, exibindo seu corpo para os possíveis interessados. JOSHUA deu o primeiro lance. Ele e Armand alternaram algumas ofertas. A garota estava corada. Mesmo assim, ela permanecia em sua pose, endireitando o corpo, empinando os seios, passando a mão pelos belos e longos cabelos. Miss Catsy sentiu um imenso prazer em aumentar os lances dos dois Dominadores. Até que foi mais longe do que deveria. Nina foi vendida à Miss Catsy, para ser seu brinquedo aquela noite.
Becky foi arrematada rapidamente. Houve poucos lances por ela. Era claro que Tony a desejava. E pareceu-me que os membros dos Sete evitaram elevar muito os valores. É lógico que a personalidade de becky não ajudava. Sua rebeldia não era nem um pouco sofisticada. Ela era rude, quase selvagem. Tony saberia muito bem como tratá-la.
O Senhor Ventríloquo foi o primeiro a fazer um lance pela posse temporária de angel. E foi também o que venceu a acirrada disputa. Poucas vezes eu a vi tão desconfortável. Por ela, muitos lances foram feitos. E os mais altos, até então. Seria difícil supera-la. Eu precisava de uma estratégia. Planejei rapidamente minhas ações. Mas eu não sabia se eu teria coragem...
Então fui levada ao X. Miss Catsy deixou-me ali, e distanciou-se. Permaneci. Exposta. Provavelmente tão corada quando a nina estava. Meu coração batia forte também. E minhas mãos também estavam frias. Mas eu não era como a nina. Respirei fundo. E levantei meu olhar. Encontrei os olhos de JOSHUA, atentos. Eu o olhei com reverencia, com todo o orgulho, que eu tinha de poder estar, de uma forma ou de outra, o servindo. Então voltei-me para o Senhor Ventríloquo, e revisitei, mentalmente, toda a minha fragilidade, deixando que um certo tremor percorresse meu corpo. Ele suspirou. Olhei pro Tony, me certificando de que toda a minha libido pudesse transparecer nesse olhar. Era fácil. Ser exposta e leiloada é uma experiência cheia de nuances, pela qual, toda mulher devia passar, ao menos uma vez. Eu estava, sim, humilhada. Ao mesmo tempo este era um dos momentos mais eróticos da minha vida. Olhei para Miss Catsy com expressão infantil. Eu queria que ela me visse como uma criança, mimada e orgulhosa, mas inocente, pronta pra ser guiada e moldada segundo os seus caprichos. Armand ainda me era um mistério. Mas ele era um mistério pra muita gente. Apostei que ele gostasse de se sentir assim. Eu o olhei com curiosidade. Como alguém que queria muito compreender a verdade que ele escondia por trás de seu olhar vago e inquietante...
- O que você está fazendo? – disse JOSHUA, com um sorriso de surpresa nos lábios.
Eu respondi:
- Senhor, eu estou apenas mostrando porque eu devo ser comprada por cada um dos Senhores.
Ele olhava para os lados, quase sem reação:
- Como assim? Por que você deve ser comprada por cada um de nós, scarlet?
Eu sorri, confiante.
- Porque eu posso ser exatamente o que cada um de vocês quer que eu seja. Eu tenho em mim a escrava dos sonhos de cada um de vocês. Sem fingimentos. Eu sou tudo isso. Só depende de que lado meu eu quero incentivar...
Eles permaneceram mudos por algum tempo. Logo depois, veio o primeiro lance. E o segundo. O terceiro e o quarto. Todos eles haviam feito lances por mim, menos um. Armand permanecia mudo, encostado à parede. E em alguns momentos, o leilão parecia tornar-se tenso. Eu sorria, e os olhava nos olhos, dizendo:
- Compre-me, Senhor!
Os valores aumentavam rapidamente. Fui arrematada, depois de muita briga, por Armand. Minha posse pela noite valia 4 mil reais. Esse era o valor mais alto já oferecido em um leilão na masmorra. Esse era o meu preço. O preço pelo meu corpo, pela minha dor, e pela minha arte.
Armand puxou-me pelos cabelos. Obrigou-me a ajoelhar, e conduziu-me, dessa forma para longe do X. Era a vez de naya. JOSHUA perguntou:
- E então, naya? Vai nos surpreender também? Será que você consegue um valor maior do que a pequena scarlet?
Naya deu de ombros. A segurança dela me assutava. É verdade que ela tinha atributos físicos exuberantes. Mas ela nem se preocupava em expor seu corpo. Apenas ficava ali, com sua atitude arrogante. Ela parecia ter certeza de que me venceria.
- E então naya. O que você tem a oferecer? – Perguntou Tony.
- Nada de mais – ela disse - Apenas minha virgindade.
Os TOPs olharam para Miss Catsy, que explicou:
- Bem... A menina naya nunca esteve com um homem antes. Seus namoros sempre foram com mulheres. E agora ela serve a mim, uma mulher.
Eu estava derrotada. Eu simplesmente não podia competir com aquilo. O preco de naya superou o meu. E foi JOSHUA quem fez o último lance por ela.
Todos nós, escravas e Donos, assistimos à inquietante cena em que naya, por submissão, e não por desejo, foi usada sexualmente por um homem, pela primeira vez. JOSHUA fez questão de que a cena fossa filmada. Ela chorava compulsivamente, nua, ajoelhada a seus pés. Ele acariciava seus cabelos até que ela se acalmasse um pouco. Depois, oferecia seu sexo para que ela o chupasse. Ela tentava se esquivar mas ele segurava firme seus cabelos, quase a sufocando. Então, a debruçou em uma mesa e por vários minutos a penetrou com os dedos. Só depois, forçou seu membro contra o corpo da garota, de uma só vez, e todos nós a ouvimos gemendo de dor. Ele levou o tempo que quis... Não teve cuidado ou compaixão. Apenas obteve seu prazer da forma que ele desejou.
Seguiram-se muitas outras cenas. Em cada uma, eu sentia tanto revolta, quanto fascínio. A beleza do BDSM desfilava perante meus olhos, de uma forma que só entende quem já participou de uma play. Os sentimentos são vários, e se alternam. Desejo, medo, ansiedade, dor e prazer. Tudo tinha seu lugar e seu momento. No meu momento, eu pude compreender um pouco mais o Monsieur Armand. Seu fetiche era estranho. Ela gostava de sangue. Do cheiro, da cor, e do fato que era ele quem o tirava de suas escravas. Eu apanhei com objetos inusitados. Deixei que ele corresse esporas e facas pelo meu corpo. Sentí a dor de alguns cortes nos braços e coxas. No começo, foi estranho. Minha pressão deve ter baixado. O Senhor Ventríloquo foi chamado para ver se eu estava bem... Ele disse que eu estava apta a continuar, mas que talvez entrasse em subspace. Meu sangue escorria pelas pernas, conforme Armand me açoitava. E eu era levada a um estado de consciência alterada. A dor e o sangue eram como uma droga. Eu estava em transe. Flutuava. Eu não conseguia mais focar em nada. Eu era apenas um instrumento do prazer que passeava no meu corpo todo. Eu gozava inteira. Corpo e mente, no vermelho cenário impressionante que Armand criou para nós.
(continua...)

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