segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

SETE- Parte 5 - Subspace


Eles chegaram, juntos, por volta das oito horas. Desceram pelo corredor da casa de número quatro. JOSHUA, Tony e o Senhor Ventríloquo estavam na masmorra. Nina e Becky estavam também no hall, dançando para eles. Com uma ordem dada por um mero aceno, elas interromperam a dança e retornaram aos pés do Senhor Ventríloquo.
Tinha algo na figura daquela mulher que me deixava tensa. Eu observava seu vestido delicado, suas luvas negras, cobrindo a maior parte da extensão dos braços, e os sapatos finos e brilhantes. Ela andava com notável arrogância, como se todo o ambiente a pertencesse. Ao seu lado, conduzindo-a pelo braço, um rapaz, tão bem vestido quanto ela. Ela devia ter uns trinta e poucos anos. A qualquer um que a observasse, sua beleza era inegável, porem seus traços denotavam crueldade. Mas no momento em que avistou JOSHUA, ela abriu um sorriso largo e inocente, desprendendo-se das mãos do rapaz que a acompanhava.
Ela correu até o JOSHUA e o abraçou demoradamente.
- Feliz Aniversário, minha querida.
Dava pra ver que toda a sua frieza se derretia, e sua face até mesmo tornou-se rosada.
- JOSHUA! Como senti sua falta! Que gostoso estar aqui com vocês novamente.
- Parabéns, Catsy – disse Tony, abraçando-a, em seguida.
O Senhor Ventríloquo, mais discretamente, também a cumprimentou. E depois mandou que suas meninas se pusessem aos pés de Miss Catsy, desejando a ela os parabéns.
- Lindas! Adoro suas meninas, Ventriloquo! Naya. Venha cá. Tire minhas luvas.
A menina naya então pos-se aos pés da Dona, e os beijou com devoção. Depois delicadamente retirou as luvas negras de sua Senhora, e encostou os lábios em seu belo e imponente anel.
- Feliz Aniversário, Senhora. – disse, com voz de veludo.
Miss Catsy sorriu. E olhou para o rapaz que a acompanhava.
JOSHUA o recebeu:
- Olá Armand! Como vai?
- Muito bem. Melhor agora, em boa companhia.
Notei imediatamente certa tensão no ar. Parecia que a presença de Armand tinha criado alguma tensão. Eu estava ajoelhada, perto de nina e becky, e perguntei, o mais baixo que consegui:
- Quem é ele?
Becky respondeu:
- Monsieur Armand. Ele faz parte dos Sete. Trate-o com muito cuidado, scarlet. Se possível, nem olhe pra ele.
Eu tentava não olhar, mas ele tinha um jeito enigmático. Era quieto, muito mais que os outros. Movia-se menos. Mas olhava a sua volta, muito mais. Os TOPs sentaram-se à mesa que havíamos montado no centro da masmorra. As escravas permaneciam ajoelhadas aos pés de seus Donos. Eu permanecia no chão, também, encostada na cadeira de JOSHUA. Do outro lado, estava angel, que abraçava um de seus tornozelos.
- Cinco de Sete presentes! – Disse JOSHUA. Isso muito me alegra.
Miss Catsy fez uma expressão quase infantil, de tristeza.
- Sim, sim... Uma pena o Druída não poder estar conosco.
Tony concordou:
- Que falta sinto desse cara! O mais divertido de todos vocês!
JOSHUA riu. Ventríloquo discordou.
- O mais divertido sou eu!
- Nos seus sonhos! – disse Miss Catsy.
Depois de alguns minutos de conversa, nos quais as meninas se moviam do hall para a cozinha, oferecendo bebidas e salgados para os TOPs, o semblante leve de JOSHUA se fez sério:
- Catsy e Armand... Tenho um anuncio um tanto triste pra vocês.
Tony e Ventriloquo, que já sabiam do que se tratava, entreolharam-se.
- O que foi, JOSHUA? Fala logo. Estou ficando tensa com esse mistério.
JOSHUA continuou.
- Perderemos um dos nossos. Infelizmente um de nós não vai poder continuar.
- Mas qual dos dois? A Mistress? Mistress Vera vai sair?
JOSHUA balançou a cabeça, negativamente.
- o Druída? – perguntou Armand – não faz sentido. Por que ele sairia?
- Bem, ele não teve muita escolha. E eu não vou dividir os detalhes de sua vida pessoal perante escravos. Mas vocês sabem que ele tem estado ausente. De qualquer forma, pra mim importa que encontremos alguém para ocupar seu lugar. É nisso que conto com todos vocês. Vocês conhecem as regras. E eu confio no julgamento de cada um. Eu quero que tragam a mim suas indicações. Eu já tenho alguns nomes, mas não há nada definido. Cabe agora testa-los, um a um. E depois fazer o convite.
- Pode contar comigo, JOSHUA – disse Armand, já se recolhendo em reflexão.
- Mas essa noite – disse JOSHUA – é nossa. E queria propor uma play aos que estiverem interessados.
Ví que nina imediatamente se encolheu, como se tentasse se esconder.
- Perfeito! – disse Miss Catsy – buscando o olhar de naya, que sorriu.
- Não é uma boa ideia pra mim – Disse Armand. Eu não trouxe ninguém. E não vou querer ficar apenas apreciando a diversão.
- Eu achei que nunca fosse dizer isso, mas eu concordo com o Armand. Nem todos estão preparados – disse Tony.
JOSHUA sorriu como quem obtém exatamente a reação que desejava.
- Claro... Claro. É verdade. Também é verdade que eu e o Ventríloquo temos mais do que precisamos à mão. Ninguém reparou nessa garota perdida aqui, a meus pés?
- Quem é ela? – perguntou Armand.
- Alguém que faria tudo por mim – JOSHUA sorriu – não é mesmo, scarlet?
- Sim, Senhor – respondi. Minha voz quase não saía.
- É uma joia rara. Uma garota orgulhosa, tentando provar sua submissão.
Miss Catsy interrompeu:
- Entendo onde quer chegar, JOSHUA, mas eu também teria um ótimo uso para essa joia rara.... Veja, Temos 5 escravas presentes. E 5 TOPs. Acho que seria interessante se as leiloássemos. Assim, cada um teria exatamente a escrava por quem estivesse disposto a investir mais.
Os TOPs pareciam deliciar-se com a ideia.
JOSHUA abriu seu sorriso mais largo. E eu soube que um leilão era exatamente o que ele queria desde o primeiro momento. Era incrível como ele sempre conseguia as coisas de forma natural. Seu domínio sobre todos ali, era digno de aplausos. Eu o odiei por isso, naquele momento. Mas então percebi o brilho de satisfação nos olhos de cada um dos TOPs. Apesar de ter poder, JOSHUA parecia saber usá-lo. Sua manipulação, à medida que levava as pessoas à realização, era incriticável. Ele tornava a vida de seus amigos muito mais interessante. Ele sentia suas necessidades. E criava neles, coragem para transformar suas fantasias em realidade. Nada parecia acontecer por acaso, no galpão.
As regras do leilão foram definidas. Quem arrematasse uma garota, teria sua posse até o dia amanhecer. Não havia limites. Cada TOP faria com a garota comprada, o que bem desejasse. Apesar de o esperado ser que cada TOP fizesse apenas um arremate, eles preferiram não descartar a possibilidade de algum deles vencer a disputa por mais de uma peça do leilão. Neste caso, o que ficasse sem ninguém, havia tido, ao menos a chance, e seria, nesta noite, apenas moderador da play que se seguiria.
Miss Catsy colocou as garotas em fila. Ela mexeu em nossos cabelos como quem ajeita sua coleção de bonecas para exposição. Seriamos realmente compradas. E ficara decidido que o valor arrecadado seria investido em melhorias na masmorra. Naya estava atrás de mim na fila. Ouvi quando Miss Catsy disse a ela:
- Consiga o maior lance, menina! Eu ficarei orgulhosa.
A competitividade realmente é estimulante. O prazer de ser reconhecido pela superioridade em qualquer coisa tem um grande poder sobre uma pessoa. O masoquista, eu aprendi, mais tarde, cobra muito de si mesmo. Ele acredita em seu poder. Não se resiste impunemente a uma quantidade de dor que a maioria das pessoas não aguentaria. Algo muda dentro de você quando você percebe a sua força de uma maneira tão evidente. É muito comum que o perfil de um masoquista inclua um desejo, nem sempre assumido às vezes até inconsciente, por ofuscar o brilho de todo e qualquer igual que cruze seu caminho. Não é maldade. É quase uma necessidade de ir além. E esse aspecto da personalidade masoquista começava a aparecer em minhas atitudes. Eu via nina, com seu olhar baixo. Ela tremia. Era claro que sentia-se totalmente humilhada pela ideia de ser leiloada e usada por aquele que mais oferecesse por ela. Angel parecia sentir o mesmo. E becky estava obviamente enfurecida. Apenas naya, parecia concentrada. Eu levantei meu rosto e decidi que eu seria arrematada pelo maior valor. E era JOSHUA quem se sentiria orgulhoso de sua menina.
Nina foi levada ao X e permaneceu de costas para ele, exibindo seu corpo para os possíveis interessados. JOSHUA deu o primeiro lance. Ele e Armand alternaram algumas ofertas. A garota estava corada. Mesmo assim, ela permanecia em sua pose, endireitando o corpo, empinando os seios, passando a mão pelos belos e longos cabelos. Miss Catsy sentiu um imenso prazer em aumentar os lances dos dois Dominadores. Até que foi mais longe do que deveria. Nina foi vendida à Miss Catsy, para ser seu brinquedo aquela noite.
Becky foi arrematada rapidamente. Houve poucos lances por ela. Era claro que Tony a desejava. E pareceu-me que os membros dos Sete evitaram elevar muito os valores. É lógico que a personalidade de becky não ajudava. Sua rebeldia não era nem um pouco sofisticada. Ela era rude, quase selvagem. Tony saberia muito bem como tratá-la.
O Senhor Ventríloquo foi o primeiro a fazer um lance pela posse temporária de angel. E foi também o que venceu a acirrada disputa. Poucas vezes eu a vi tão desconfortável. Por ela, muitos lances foram feitos. E os mais altos, até então. Seria difícil supera-la. Eu precisava de uma estratégia. Planejei rapidamente minhas ações. Mas eu não sabia se eu teria coragem...
Então fui levada ao X. Miss Catsy deixou-me ali, e distanciou-se. Permaneci. Exposta. Provavelmente tão corada quando a nina estava. Meu coração batia forte também. E minhas mãos também estavam frias. Mas eu não era como a nina. Respirei fundo. E levantei meu olhar. Encontrei os olhos de JOSHUA, atentos. Eu o olhei com reverencia, com todo o orgulho, que eu tinha de poder estar, de uma forma ou de outra, o servindo. Então voltei-me para o Senhor Ventríloquo, e revisitei, mentalmente, toda a minha fragilidade, deixando que um certo tremor percorresse meu corpo. Ele suspirou. Olhei pro Tony, me certificando de que toda a minha libido pudesse transparecer nesse olhar. Era fácil. Ser exposta e leiloada é uma experiência cheia de nuances, pela qual, toda mulher devia passar, ao menos uma vez. Eu estava, sim, humilhada. Ao mesmo tempo este era um dos momentos mais eróticos da minha vida. Olhei para Miss Catsy com expressão infantil. Eu queria que ela me visse como uma criança, mimada e orgulhosa, mas inocente, pronta pra ser guiada e moldada segundo os seus caprichos. Armand ainda me era um mistério. Mas ele era um mistério pra muita gente. Apostei que ele gostasse de se sentir assim. Eu o olhei com curiosidade. Como alguém que queria muito compreender a verdade que ele escondia por trás de seu olhar vago e inquietante...
- O que você está fazendo? – disse JOSHUA, com um sorriso de surpresa nos lábios.
Eu respondi:
- Senhor, eu estou apenas mostrando porque eu devo ser comprada por cada um dos Senhores.
Ele olhava para os lados, quase sem reação:
- Como assim? Por que você deve ser comprada por cada um de nós, scarlet?
Eu sorri, confiante.
- Porque eu posso ser exatamente o que cada um de vocês quer que eu seja. Eu tenho em mim a escrava dos sonhos de cada um de vocês. Sem fingimentos. Eu sou tudo isso. Só depende de que lado meu eu quero incentivar...
Eles permaneceram mudos por algum tempo. Logo depois, veio o primeiro lance. E o segundo. O terceiro e o quarto. Todos eles haviam feito lances por mim, menos um. Armand permanecia mudo, encostado à parede. E em alguns momentos, o leilão parecia tornar-se tenso. Eu sorria, e os olhava nos olhos, dizendo:
- Compre-me, Senhor!
Os valores aumentavam rapidamente. Fui arrematada, depois de muita briga, por Armand. Minha posse pela noite valia 4 mil reais. Esse era o valor mais alto já oferecido em um leilão na masmorra. Esse era o meu preço. O preço pelo meu corpo, pela minha dor, e pela minha arte.
Armand puxou-me pelos cabelos. Obrigou-me a ajoelhar, e conduziu-me, dessa forma para longe do X. Era a vez de naya. JOSHUA perguntou:
- E então, naya? Vai nos surpreender também? Será que você consegue um valor maior do que a pequena scarlet?
Naya deu de ombros. A segurança dela me assutava. É verdade que ela tinha atributos físicos exuberantes. Mas ela nem se preocupava em expor seu corpo. Apenas ficava ali, com sua atitude arrogante. Ela parecia ter certeza de que me venceria.
- E então naya. O que você tem a oferecer? – Perguntou Tony.
- Nada de mais – ela disse - Apenas minha virgindade.
Os TOPs olharam para Miss Catsy, que explicou:
- Bem... A menina naya nunca esteve com um homem antes. Seus namoros sempre foram com mulheres. E agora ela serve a mim, uma mulher.
Eu estava derrotada. Eu simplesmente não podia competir com aquilo. O preco de naya superou o meu. E foi JOSHUA quem fez o último lance por ela.
Todos nós, escravas e Donos, assistimos à inquietante cena em que naya, por submissão, e não por desejo, foi usada sexualmente por um homem, pela primeira vez. JOSHUA fez questão de que a cena fossa filmada. Ela chorava compulsivamente, nua, ajoelhada a seus pés. Ele acariciava seus cabelos até que ela se acalmasse um pouco. Depois, oferecia seu sexo para que ela o chupasse. Ela tentava se esquivar mas ele segurava firme seus cabelos, quase a sufocando. Então, a debruçou em uma mesa e por vários minutos a penetrou com os dedos. Só depois, forçou seu membro contra o corpo da garota, de uma só vez, e todos nós a ouvimos gemendo de dor. Ele levou o tempo que quis... Não teve cuidado ou compaixão. Apenas obteve seu prazer da forma que ele desejou.
Seguiram-se muitas outras cenas. Em cada uma, eu sentia tanto revolta, quanto fascínio. A beleza do BDSM desfilava perante meus olhos, de uma forma que só entende quem já participou de uma play. Os sentimentos são vários, e se alternam. Desejo, medo, ansiedade, dor e prazer. Tudo tinha seu lugar e seu momento. No meu momento, eu pude compreender um pouco mais o Monsieur Armand. Seu fetiche era estranho. Ela gostava de sangue. Do cheiro, da cor, e do fato que era ele quem o tirava de suas escravas. Eu apanhei com objetos inusitados. Deixei que ele corresse esporas e facas pelo meu corpo. Sentí a dor de alguns cortes nos braços e coxas. No começo, foi estranho. Minha pressão deve ter baixado. O Senhor Ventríloquo foi chamado para ver se eu estava bem... Ele disse que eu estava apta a continuar, mas que talvez entrasse em subspace. Meu sangue escorria pelas pernas, conforme Armand me açoitava. E eu era levada a um estado de consciência alterada. A dor e o sangue eram como uma droga. Eu estava em transe. Flutuava. Eu não conseguia mais focar em nada. Eu era apenas um instrumento do prazer que passeava no meu corpo todo. Eu gozava inteira. Corpo e mente, no vermelho cenário impressionante que Armand criou para nós.
(continua...)

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Um comentário:

luna disse...

Aiaiai... quero mais e mais e mais!!!!
Obrigada pelo extase e delícia que dessa leitura!!!!
beijos beijos beijos

tavi