quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

MEDO DE CORDAS


No MSN...

Ele: Está preparada pra amanha a noite?
Eu: hum rum... Sim, Senhor! Nasci preparada...rs
Ele: Ah é? Rs. E para que essa menina está pronta?
Eu: ah... Pra apanhar de novo.. O roxinho já está saindo...rs.
Ele: RS... Que bom saber. Mas quem foi que disse que é isso que eu vou fazer com você?
Eu: Ah... não sei... não é isso? Que vai fazer?
Ele: Não sei. Gosto de improvisar. Pode ser qualquer prática... spanking... velas.. agulhas...
Eu: hummmm rummmmmmmmmmm
Ele: Bondage...
Eu: Bondage? Com correntes?
Ele: Pode ser... ou cordas... não sei
Eu: ...

E meu mundo caiu. Todo mundo sabe que eu detesto cordas!
Ok, nem todo mundo sabe. Mas Ele sabe. Sabe muitíssimo bem.
E não é mero capricho...

Eu tenho medo de cordas.

Eu lido bem com a dor. Temos uma relação intíma de ao menos duas décadas, a dor e eu. Ela foi minha companheira por muito tempo. Ela me conhece. Eu a conheço. Nós nos amamos em nossos melhores momentos. E nos piores, nos suportamos muito bem! Ela me leva a lugares aos quais eu jamais chegaria sem sua companhia. E eu, por minha vez, dou a ela liberdade, de expressão, de movimento. Permito que a dor caminhe livremente no meu corpo e despeje sobre mim a sua Glória.

Mas eu nunca fui muito boa em lidar com a privação. Não gosto do que me restringe, do que me limita, do que me molda ou me reduz. Também não gosto do toque áspero das cordas. Um chicote, por mais cruel que seja, passa, deixa suas marcas, e se vai. As cordas ficam, insistem e nos obrigam a formar um vínculo com sua presença hostil em nossa pele macia. E nos roubam, pelo tempo em que permanecem, os movimentos, a força, tudo aquilo que nos possibilita e garante o controle. Eu sabia. Mais do que tudo, era isso. Eu pensava em minhas contradiçoes, enquanto olhava pra tela do computador.

Continuei conversando com meu Dono... Mas era como se um anjo pervertido e acusador ficasse do meu lado, tentando por em mim inúmeras dúvidas quanto ao meu papel. O anjo ria, e suas palavras vinham pontiagudas. Eu quase as podia ler em vermelho neon, em minha janela de MSN, duvidando do meu fetiche, ridicularizando minha entrega.

Eu: ai, Dono.. (Mesmo?). toma cuidado comigo! (Que falta de confiança). Eu tenho tanto medo de cordas... sabe como eu me sinto, né? (E você ainda se atreve a por uma coleira no pescoço?)
Ele: tavi, sou EU. Você me conhece. Eu não sou nenhum maluco, sou?
Eu: não, Senhor! (Tem Certeza??), Eu sei que não. Não é isso. (Mas é isso mesmo, não é?)
Ele: Relaxa. Deixa isso nas minhas mãos. Agora vamos dormir que já está tarde.

Demorei para dormir. E quando o sono veio, tive um terrível pesadelo.

Eu via cenas e fotos de bondage das mais diversas. Bondagetes amarradas até os cabelos passavam e riam de mim. Eu, de camisola, em uma caverna, corria pra fora. Eu olhava para trás e lá estavam Senhor Attila, Mr K Rock, O Amo e dezenas de cordas de todas os tipos e cores. Eles faziam em suas cordas nós dos mais diversos. Havia mais alguém ali. Eu não sabia quem era. Me virei um pouco mais e:

- Dono? Dono, o que o Senhor está fazendo aí? E porque essa corda tão grande em suas mãos, Dono?
- É para te prender melhor, minha menina...

Toca o despertador. Nunca fiquei tão feliz de ouvir esse som. Acordei assustada.

Tive um dia especialmente tenso.
Muita coisa pra resolver em pouco tempo. E enquanto eu me preocupava com as coisas práticas, eu dizia pra mim mesma, tentando me acalmar: tavi, Ele te conhece. Deve saber como você está. Ele não vai fazer isso com você essa noite! Se acalma.

Mas o anjo pervertido voltada e dava uma risada sem fim...

Chegamos por volta das 11 horas. Conversamos com amigos.
Dono tranqüilo. Despreocupado.
Eu pensando “Que bom! Que bom! Acho que ele já esqueceu dessa coisa de cena essa noite!”

Mas logo Ele disse em meu ouvido:

- Não pense que eu esqueci... Logo vamos brincar um pouquinho
Eu sorri.
- Ah, é... Que legal....

Ok. Eu assumo. Pensei seriamente em forjar uma dor de cabeça.
Mas sou muito orgulhosa pra isso!
Melhor apelar para a sedução...

Então eu... Bom, eu não devo contar aqui o que eu fiz...
Ele me puxou e disse em meu ouvido
- Não se preocupe. Depois da cena, quando a gente sair daqui você vai ganhar o que está querendo...

Depois da cena! Que droga! Ele disse Depois da Cena... Se fosse antes da cena, juro que faria de tudo para deixá-lo sem condições de amarrar um cadarço de coturno que fosse... Mas ele disse DEPOIS da cena. E eu tive que sorrir novamente.

Sabe quando você entra em um rolo grande? Sabe aquele exato momento em que você percebe que não tem mais como escapar de uma situação? O exato segundo em que seus lábios se abrem pra emoldurar o F da palavra “FUDEU”? Foi exatamente isso que eu senti. E Ele me olhou... E meus lábios se abriram. Mas eu não disse um palavrão. Disse algo muito pior. Eu olhei pra Ele nos olhos e disse simplesmente:

- Dono, me amarra?

Ele franziu a testa.

- O que você disse?
- Ai, Dono... Me amarra... Me amarra logo, por favor... Não consigo mais ficar esperando isso. Eu sei que vai fazer, então faz agora, por favor. Eu não agüento mais essa tensão. Eu quero que acabe logo. Me amarra, Dono. Por favor!
Ele riu.
- tavi, eu não ia fazer isso hoje.

Senti alívio.
Durou menos de dez segundos... Logo ele completou:

- Mas já que você me pediu isso, eu não vou deixar passar o momento. Eu sempre digo que sub morre pela boca, não é?
- Mas... Dono...

Ele abriu a mala para escolher a corda a ser usada. Eu acho que escolheu uma corda preta, mas não posso garantir. Os momentos que se seguiram foram de certa confusão mental pra mim.

Meus braços foram a primeira parte a ser envolta por cordas. Cruzados nas costas... As cordas passando por mim.. .Fazendo barulho... O terrível barulho de cordas passando por mim. Algumas pessoas entraram no Dungeon. Eu não queria parecer dramática. Mas meus olhos se fechavam. Eu simplesmente não conseguia mantê-los abertos por muito tempo. E quando os abriam, eu via pequenos flashes do que acontecia. As mãos do Dono trabalhando de forma prática e eficiente. Seu rosto, concentrado, sua expressão dura indicando que não era hora de interrompê-lo. Era hora de confiar. Era hora de contrariar a todos que não acreditavam que me fosse possível esse tipo de entrega. Hora de por o anjinho acusador pra dormir e de viver o meu fetiche, por mais contraditório que fosse. Por mais surpreendente que ele fosse até pra mim.

Dono me olhou.. Tocou minhas mãos.
- Tudo bem?
Acenei que sim.
- Eu vou continuar. Vou trabalhar na teia mais um pouco. Se você sentir algum desconforto grande, me deixe saber.
- Sim, Senhor – respondi prontamente.
Ele então sussurrou pra mim
- tavi, Sou Eu. Fica tranqüila.

Ele continuou.
E então eu entendi finalmente o que algumas pessoas diziam sentir ao serem amarradas. Por um momento as cordas eram parte dele. Elas não me ameaçavam mais. Cuidavam de mim. Me abraçavam e me acolhiam. Me passavam segurança. Ele seguia e eu sentia seu toque no meu corpo, imprevisível, enquanto ele me desenhava a pele com as cordas macias. Eu não podia falar. Ele escolhia o caminho que elas fariam em mim. Ele escolhia a força da pressão que elas fariam em cada parte do meu corpo. Ele escolhia. Ele escolhia... Por alguns minutos mágicos que eu não sei precisar quantos foram, eu estive total e completamente entregue a Ele. Eu, vulnerável, dependente... Eu, já em um estado de consciência levemente reduzida. E Ele mais forte e confiante do que nunca. Fazendo o que sabe fazer. Com a precisão e talento que lhe são naturais. Ele em seu lugar. Eu em meu lugar. Por alguns momentos, indubitavelmente.

Depois veio a cera quente derramada em meu corpo aprisionado... E meu sorriso. Meu corpo molhado de tensão e prazer escorregava pelas cordas e eu pouco a pouco recuperava minha sutil arrogância e essa vontade que eu tenho de desafiar. Voltava a masoquista esnobe que se soltava das cordas enquanto ele pingava cera sobre mim. Com certo orgulho, me livrei dos nós e ví, vitoriosa, as cordas caírem a meus pés. Ele riu. Eu sorri. A cena havia sido boa pra nós dois. Ganhei um adorável banho de cera. Saí me sentindo nas nuvens... Esgotada, entrei no carro.

No quarto, depois de um banho quente, me joguei na cama... Virei de lado... Abracei um travesseiro...
Dono se aproximou lentamente...
- Agora sim podemos brincar daquele jeito...
Eu ri... e disse:
- Agora também não quero! To cansada.. . Quero dormir...

Mas é lógico que enquanto eu falava, já me movia na cama... Ficando de bruços... Deixando as pernas entreabertas... Olhando pra Ele como quem faz um convite... Mas meu discurso permanecia firme:
- Não quero! Não estou em condições...

Eu simplesmente adoro essas vezes em que Ele não dá a mínima pra o que eu digo!

7 comentários:

Bia.Biazinha disse...

Que delicia de texto, amei!
Tá vendo pequena, vc consegue pois vc é Tavi e sempre supera tudo.
Vc vai aprender a gostar e amar ela...
Bjssssss

Sinceramente somente o Master Asgard para criar tanto sadismo.

MFD_[margoth] disse...

Tortura psicológica 10 hein???
Adorei tudo
Logo logo, ficara bem amiga delas,e dependendo da amarração (como presa pela virilha) menina, é pior que rabo de tatu p doer..rs...rs
Bjo ao casal
e coloquem as fotos p/ vermos
(meu lado voyeur que pede)..rs...rs
M F D_[margoth]

A Khudori Soleh disse...

salam. nice blog

tavi disse...

bia, minha madrinha...

To aprendendo... depois pede pro Mestre Scorpio e me manda aqueles sites de shibari de que falou... vou adorar!

M F D_[margoth],

Acredita que dessa vez nem tiramos fotos
=(
Mas na proxima eu vou pedir pro Dono...rs

Khudori Soleh,

Hey, thanks!

=)

Anônimo disse...

Oi minha menina!

Lindo esse teu post!

Adorei essa mistura de sonho e realidade. Me lembro da noite em que falamos sobre cordas no MSN e confesso que ficava imaginando suas reações enquanto conversávamos... rs

Com certeza fiquei surpreso quando você me pediu para amarrá-la, e ainda mais surpreso com sua reação, uma vez envolvida e entrelaçada.

Sempre soube que cordas era um limite, mas também sempre soube que você iria conseguir superar.

E posso dizer, sem medo de errar, que você se superou e me surpreendeu muito.

É um prazer sem igual ver essa sua dedicação, crescimento, entrega e quebra de limites.

Fica cada vez mais claro pra mim que sua entrega é plena e total, que você, a cada dia, confia e acredita nessa nossa relação.

Sei muito bem o quanto você usa de "argumentações" e "seduções" (risos) e isso, com certeza, é o que me motiva cada vez mais a "brincar" e testar limites com você.

Continue sempre assim minha menina!

Beijos do teu DONO
SENHOR ÁSGARÐ

PS: EU TE AMO!

♥ sophie ♥ disse...

hahahahahaha
Pesadelo de uns, sonho de outros!
Viu, vc consegue menina!
E as cordas, têm um carinho, um carícia que lhe são próprias...
:)

Te adoro
Beeijos

Anônimo disse...

Será que eu não estava nessa caverna? Mas nunca riria de vc... eu entendo sua aflição pois sinto isso por um monte de coisas, rs.
Eu sempre digo, mas é verdade: sou fã do que vc escreve e de como escreve. :D

tavi