Caros leitores. O meu objetivo em trazer ao
conhecimento aquilo que por tanto tempo permaneceu oculto, se cumpre agora, em
momento oportuno. Chegou a hora de alguns de vocês entenderem que o BDSM não se
limita ao que tem sido dele publicado. É importante que, não todos, obviamente,
mas alguns que notoriamente se destacam pela excelência de suas práticas,
estejam preparados para que a essência desse estilo de vida não se perca, dando
lugar a outras coisas, também importantes e bem quistas por todos nós, mas do
ponto de vista das relações de Dominação/submissão, irrelevantes.
O ser humano é e sempre foi multifacetado. A nossa
alma necessita da satisfação de várias faces do que somos. Equilíbrio. Sim!
Certamente. E é por isso que muitas vezes o comportamento do outro nos
surpreende. O homem de meia idade, sentado num cubículo empresarial, focado,
dia após dia, nos deveres de sua profissão e neles apenas, raramente escapa de
ser flagrado, mais cedo ou mais tarde, em grandes bebedeiras ou envolvido em
escândalos de tão grandiosas proporções, que nos é custoso acreditar.
Isso ocorre quando sobrecarregamos a compreensão de um
lado de nossas demandas essenciais, e privamo-nos de aceitar e vivenciar tudo o
que vai na direção oposta, dando a nós mesmos a oportuna desculpa da coerência.
Sim, havemos de agir com coerência! Porem é coerente que todo ser que tenha a
habilidade mental para isso, interesse-se em ir a fundo no autoconhecimento,
mergulhando em um mar incerto e menos lógico do que era de se supor: a mente!
A mente é um filtro de potencial e de desejos. Não é
ela quem nos eleva, mas sim ela que, por vezes, sabiamente, nos limita. E é
essa limitação que nos permite viver com coerência, ainda que superficial.
Ter vontades e quere-las, uma a uma, satisfeitas, e
ainda assim quere-las contrariadas para atingir o ápice do desejo, em geral
projetado no agente causador da frustração: este é o drama e o mistério da
coleira. A coleira é a liberdade de assumir a própria incoerência. A ausência
dos desejos próprios, e a anulação relatada por certos membros do que
conhecemos como “o meio”, não condiz com os processos internos pelos quais
passa quem se submete. Ora, os desejos não são algo que se pode anular pela
vontade. Os desejos próprios de uma submissa permanecem e a eles,
acrescentam-se outros, tantas vezes na mesma direção mas em sentido oposto.
Eles se chocam e é esse choque que termina por minar e perverter os relacionamentos
no BDSM, quando na verdade, isso deveria ser aceito como uma das incoerências inevitáveis,
e administrado, caso a caso, pelo TOP da relação.
Uma típica
incoerência é a necessidade tão recorrentemente feminina de ser objeto,
opondo-se à sua necessidade humana de ser amada. E infelizmente vai chegar um
momento em que a submissa terá que escolher entre a coleira e a chance de ser o
mais sublime objeto de afeição. E digo, sem medo de errar, que praticamente
todas elas farão essa escolha vez após vez, optando pela submissão, até que
chegue o momento oportuno, em que optarão finalmente pelo amor, pela vida em
comum, pelo sonho de um sentimento que resista a tudo, inclusive ao tempo. O
erro, caros amigos, é faze-la ter que optar. Isso não invalida seus desejos submissos. Esse
é o caminho natural da vida e das essências. Ainda que o homem precise da
variedade e jamais abra mão de suas aventuras, não é incomum que ele encontre
também nele o desejo de eleger uma femea a uma posição de destaque. Esta ficará
e será a testemunha da existência das tantas outras que passarão. Ela será sua
segurança. Ela satisfará sua necessidade inata de ser, não apenas o procriador,
mas também o provedor natural. O homem é tão incoerente quando a mulher. A
incoerência masculina de querer ser, para umas apenas predador, e para outras,
segurança e proteção, é fascinante!
Me custaria muito ver pessoas que tem um potencial tão
maior que o mediano para esses fins, perdidas entre práticas eventuais ou
abandonadas à tortura de não aceitarem suas próprias incoerências. É justo que
haja abrigo. É necessário que quem quer ir mais além encontre também espaço. A
comunidade dos amantes de couro e dos fetichistas pode ser envolvente. Mas essa
convivência sempre deixará alguns poucos com a sensação de que ainda não se
encontraram no mundo. Daí a importância das menores confrarias, para que não se
perca a essência do que somos, entre tantas outras necessidades de tão
distintos pequenos outros mundos que se formam ao nosso redor.
Não pretendo ir mais a fundo em minhas teorias, neste
relato. Me reconheço um aprendiz. Mas essa pausa se faz necessária para que
entendam a minha motivação ao pedir à Scarlet que trouxesse ao conhecimento de
alguns o que temos vivido. É pra que saibas que é possível. É pra que não se
deixes intimidar pela falsa aparência de que o teu sonho é utópico. Eu o vivo,
e posso dizer que ele é tão real e palpável quanto o corpo nú da mulher que
nesse exato momento está aos meus pés.
No mais, deixo o texto em boas mãos.
Saudações
JOSHUA
***
Angel entrava e saía da cozinha do galpão, fazendo
perguntas sobre o andamento dos preparativos, e apressando as meninas. Nina, becky
e naya estavam suadas e abatidas, mas cumpriam suas funções com dedicação. Eu
me sentia mal por não ajudar, mas Armand havia determinado que eu estivesse
impecável para o encontro com o Druída.
A festa seria a mais importante que eu havia
presenciado. Essa noite estariam reunidos, os SETE e a grande maioria dos
escravos oficiais. O Dungeon estava sendo decorado pelo escravo da Mistress
Vera, o trovador, com velas artesanais de excelente qualidade. Tony preferiu
ele mesmo cuidar da música ambiente e me surpreendeu com um repertório clássico,
atípico de suas escolhas habituais.
O Senhor Ventríloquo não demorou a descer. Usava um
terno claro tão elegante que fez nina corar assim que o viu.
- Boa noite, Scarlet – ele acenou
com a cabeça.
Eu repeti seus movimentos.
A mesa havia sido colocada no centro
do Galpão. Era redonda e eu contei apenas sete cadeiras. Pouco a pouco, os Sete
foram chegando e acomodando-se em seus lugares. O clima era de confraternização,
porem não sem algo tenso no ar. Miss Catsy e Armand conversavam animadamente
quando ele mandou que eu me ajoelhasse a seus pés. Ali permaneci, ao lado de naya
que massageava os pés da Dona. Mistress Vera sugeriu que todos os escravos
fossem chamados para enriquecer as discussões, e enquanto JOSHUA e o Druída não
chegavam, discutimos vários tópicos polêmicos e aprendemos um pouco com o
discurso apaixonado de Mistress Vera. Armand parecia um tanto formal. Era óbvio
que ele se sentia bastante deconfortável. Mesmo assim, Tony conseguiu quebrar o
silencio do meu Dono com suas brincadeiras.
- O Romeozinho está mais engomado hoje
do que de costume.
- Nem todos tem a sorte de nascerem
tão desleixados a ponto de sentirem-se apresentáveis em jeans escuro e camiseta
como você, Tony – ele respondeu.
Os dois riram. O clima se
tranquilizou por uns minutos, e o entrosamento do grupo era notável. Até mesmo
angel parecia envolvida nas conversas, explicando apaixonadamente seus pontos
de vista. Ela não era tão ruim assim. Eu entendi que sua posição de liderança
nos serviços exigia certo distanciamento. Mas além disso, quando não se sentia
ameaçada, ela parecia ser uma mulher bastante agradável. Por vezes me peguei
trazendo argumentos para suportar as idéias de angel. E ela também fez isso por
mim. Éramos mais parecidas do que era de
se esperar.
Já passava das oito horas quando
JOSHUA e o Druída desceram para o galpão. Armand fez um sinal para a Miss Catsy
e ela ordenou à naya que trouxesse uma cadeira para mim. Sentei-me ao lado de
Armand e ele me beijou com desejo.
- Você é minha, scarlet. Nem que eu
precise te raptar daqui.
Sorri. Eu sabia que era verdade.
Foi estranho ver meu pai chegar e
ser cumprimentado pelos livres e pelos escravos. Todos pareciam tê-lo em alta
consideração. Acho que nunca havia olhado para ele como um Dominador. Mas algo
em mim se orgulhava de saber que era isso que ele sempre havia sido.
Armand e Druída se cumprimentaram
rapidamente com um aperto de mãos. E então, ele voltou-se pra mim. Era a
primeira vez que eu abraçava meu pai, consciente de quem e o que ele era.
- Senti saudades, filha. É bom te
ver aqui.
- É estranho e bom te ver aqui também,
pai – falei.
Angel puxou a cadeira para que
JOSHUA se sentasse. A um sinal do JOSHUA, as meninas levantaram-se do chão em
que permaneciam ajoelhadas e enquanto o trovador acendia as velas que estavam
sobre a mesa, as garotas deixaram escorregar por seus corpos as sedas que os
cobriam. Apenas braceletes, brincos, maquiagem sóbria e saltos altos adornavam
as garotas que dirigiram-se à cozinha. O que se seguiu foi um banquete para a
visão e o paladar, servido com maestria por angel, nina, becky e naya.
A conversa fluía com leveza e humor. Era, afinal, o reencontro de pessoas que
tinham uma historia e uma ligação muito especial. O galpão, antes um tanto
impessoal, agora adquiria um novo sentido. Era quase como se ganhasse vida na
presença dos Sete.
Por um momento eu os admirei. JOSHUA
e sua invejável eloquência. Ventríloquo e sua elegância. Miss Catsy e seu jeito
amável e maternal. A inteligência e experiência de Mistress Vera eram cativantes.
Tony era o elemento rude e inato, que parecia ter um talento incrível pra dizer
o que, sem sua espontaneidade por vezes constrangedora, jamais seria dito, e
ficaria engasgado, minando os relacionamentos dali. Não demorou pra que eu
percebesse que o Druída era visto por todos como uma espécie de pacificador. E
o Armand, sem dúvida alguma, com seus mistérios e seu jeito sedutor, era a
magia que faltava para fechar a equação. Eles eram fantásticos quando juntos. A
harmonia era algo que se sentia no ar daquele subterrâneo. Como os diferentes
instrumentos de uma orquestra, eles se completavam, e eu tive medo de não ser
tão boa quanto eles. Eu tive medo de que o que quer que eu tivesse a oferecer,
jamais chegasse aos pés da essência agregadora de meu pai. Mas eu confiava no
julgamento de JOSHUA. E era nisso que eu pensava, quando ele falou:
- Bem. Estamos finalmente reunidos. Os
Sete. É uma grande honra pra mim ver amigos tão queridos à mesa nesse local que
é a segunda casa de cada um.
-E a primeira e única, no caso do
Tony – provocou Armand.
Eles riram. JOSHUA retomou antes que
o assunto esquentasse.
- Brincadeiras a parte, eu sei o quão
especial isso é pra cada um. Mas essa noite um de nossos membros de despede do
grupo. E eu imagino que não deva ser fácil, Druida, desvincular-se desse lugar
e de sua história aqui. Mas as portas do terreno estão sempre abertas pra você,
meu amigo. E assim será enquanto eu estiver por aqui. Proponho um brinde ao
Druída e seus novos caminhos.
E os Sete brindaram e depois
silenciaram-se. JOSHUA continuou:
- Creio que todos já tenham uma
noção de que Scarlet, aqui presente, filha do nosso companheiro, o Druída, é a
minha indicada a preencher seu lugar.
Eu corei. E olhei pra baixo. Mas
Mistress Vera tocou meu queixo com a ponta dos dedos e os levantou. E disse
discretamente:
- Essa honra, quem recebe não é a
escrava. Levanta teu olhar!
Fechei os olhos por um instante. E
quando os abri novamente, eles não mais miravam o chão.
- Há uma proposta de que ela seja
aceita entre nós?
Tony imediatamente levantou a mão.
JOSHUA acenou com a cabeça, em reconhecimento.
- Há apoio à proposta?
Armand agora levantou a mão.
Alguém se coloca contra ou tem
alguma informação que a desabone?
Os integrantes permaneceram em
silencio. JOSHUA então virou-se pra mim.
- Scarlet, é tua vontade tornar-se a
partir de hoje, membro ativo dos Sete?
Meu pai, do outro lado da mesa, me
olhava diretamente, e acenou com a cabeça em concordância. E então abriu o
mesmo sorriso que eu vira em seus lábios quando eu me formei no colégio, ou
quando eu tocava no piano uma canção pela primeira vez. Ela estava orgulhoso de
mim. Eu sorri por dentro e por fora.
- Sim, JOSHUA. É de minha vontade
tornar-me a partir de hoje, membro oficial e ativo dos Sete.
- Você se compromete a honrar todos
aqueles que aqui te recebem como aliada?
Eu me comprometo a honrar todos aqueles
que aqui me recebem como aliada.
E então o mesmo sorriso que eu via
em meu pai, se formava nos lábios de JOSHUA.
- Bem-vinda, Scarlet. Sinta-se em
casa. Você agora é uma de nós. Algumas informações ainda te serão passadas. Mas
de agora em diante, este lugar também pertence a você.
É indescritível o que eu senti ao
ser abraçada e verdadeiramente acolhida por pessoas tão respeitadas por mim. A
amizade entre elas era real. Sim, havia espaço para uma certa competitividade.
E de tempos em tempos, os integrantes dos Sete eram, direta ou indiretamente,
postos à prova. Mas esse processo era necessário para que a pureza das
intenções fosse mantida. E ao chegar a essa conclusão, eu sorri por dentro. Eu
estava a cada dia compreendendo melhor o JOSHUA.
Depois houve riso, e música, e
dança. E bom vinho. E escravas sorridentes contando piadas pra entreter.
Enquanto JOSHUA dava um show de sofisticação dançando com sua angel, Armand me
puxou pela cintura e colou seu corpo no meu de forma brusca. Eu senti a
adrenalina correndo por mim.
- Louco! Agora não. Meu pai está por
perto.
Ele riu.
- Tá bem, mocinha. Vamos esperar seu
pai dormir. E depois, você nem tem ideia das maldades que eu vou fazer com
você. – ele me soltou, mas não antes de segurar meu cabelo em suas mãos, e puxa-los só pelo prazer de me fazer gemer.
Depois, Armand foi conversar com Miss Catsy que amarrava as mãos de naya no X. Fiquei olhando pra ele, e nem percebi que meu pai se aproximava de mim.
- Posso ter a honra dessa dança? –
Disse o Druída.
- É claro – respondi, delicadamente
pousando meu braço em seu ombro.
Uma valsa tocava ao fundo.
Deslizamos pelo galpão em busca de alguma privacidade.
- Eu quero que você saiba quão linda
você está. E eu quero que você saiba o quanto eu me orgulho de você.
- Tem certeza? Sabe, foi difícil pra
mim entender... Você é meu pai. Eu passei por certas coisas aqui... Eu fui
escrava do Ventríloquo! Fui rejeitada pelo JOSHUA vez após vez. Passei dias em
uma jaula aqui embaixo. Fui usada pra subir as arrecadações do site. Eu não
consigo entender como um pai permite que uma filha passe por coisas assim.
- Eu sabia que essa conversa com você
não ia ser fácil, pimentinha. Mas o fato é que você sempre teve escolha. Sempre
pode sair a hora em que desejasse. Se você não se foi, é porque algo dentro de
você sabia que isso era o certo pra você. Eu acredito no que eu vivo. É fácil dizer
que se acredita no que se faz, e simplesmente pirar quando seus filhos seguem o
mesmo caminho. Se você realmente acredita que o certo é seguir sua natureza, você
sente orgulho quando alguém tão importante também descobre esse estilo de vida.
Essa é a minha verdade, filha. E não me ofende que ela seja a sua verdade também.
- É um belo discurso, Druída. Mas se
ele é real, por que é contra eu pertencer ao Armand?
- Filha... eu te conheço. Você foi
criada por mim. O Armand teve varias mulheres e as administrou muito bem, mas
nenhuma delas era como você. Eu sei o que vai acontecer.
- Então me diz o que sua bola de
cristal revela – provoquei.
Ele me olhou por uns instantes como
se estivesse em duvida se devia prosseguir. Por fim, continuou:
- Quanto tempo você acha que vai
levar até que você assuma o controle total do seu relacionamento com o Armand?
Como você acha que ele irá se sentir vendo pouco a pouco isso acontecer? E
você? Como vai se sentir depois de virar esse jogo? Um homem como o Armand pode
controlar dezenas de escravas medianas. Mas não uma mulher como você. Não por
muito tempo.
- Pai... Eu o amo. E é esse
sentimento que me domina. Sim, existem escravas que se dão por completo por serem
fracas. Mas nem todas são assim. Não é minha fraqueza. É minha força que me faz
ser dele. É a força do meu sentimento. Eu o amo. E isso é pra sempre.
Ele riu.
- Ok... para de pregar. Eu não vou
me opor a isso.
- Sério? Está falando sério? Eu
tenho tua aprovação pra ser dele?
- Sim, sim... você tem minha aprovação.
Mas saiba que você não me convenceu. Eu ainda acho que isso não dará certo.
- Como é possivel saber? Agora ele
me tem tão completamente. Eu preciso viver isso, pai. Nunca existem garantias.
Ele acenou em concordância. E me
olhou por um longo tempo.
A música cessou. E antes que
começasse a próxima, fui levada até o Armand pelas mãos do Druída.
- Conduza esta garota, Armand. Eu já
fiz a minha parte. Mas saiba, ela foi treinada pra dar trabalho. E pra não ser
guiada por ninguém que não tenha mãos de ferro e coração de ouro.
- Coração de ouro? Druída, esse
termo é quase tão arcaico quanto você. Os tempos mudaram. É uma honra pra mim
conduzir esse desafio. E eu estou pronto pra ele. E pode ter certeza. Eu amo a
scarlet. Eu vou cuidar muito bem dela.
- Eu sei. Mas é esse meu medo,
Armand. Exatamente esse.
- Chega de conversa! – eu falei – e virei-me
pro Armand. Vai me conduzir ou não, nessa dança?
- É exatamente disso que eu estou
falando, Armand. Não se deixe enganar por esse jeitinho inocente – riu o Druída.
E Armand e eu valsamos mais uma vez
enquanto os outros TOPs jogavam cartas e divertiam-se relembrando histórias de reuniões
e plays passadas. Em algum canto mais escuro do galpão, Tony beijava becky e a
torturava, arrancando dela gemidos de dor e prazer. Algumas cenas isoladas se
seguiram. O Trovador teve as costas chicoteadas pela sua Mistress. Agulhas atravessaram
a pele dos seios de nina, formando um belo desenho enquanto ela se contorcia de
dor. Mas o clima era de informalidade. A confraternização seguiu seu rumo leve
e tranquilo, apesar dos poucos gritos de dor...
Pouco depois da uma da manhã, o
Druída retirou-se para a casa que sempre havia ocupado. A casa que passou a ser,
depois de sua partida, o meu refúgio particular no terreno. Mas a verdade é que
a maioria das noites eu passo na cama de Armand.
Depois da partida do Druída, houve
uma play mais formal. Eu servi a Armand até o meu limite físico. O Som de seu cinto
e suas palmatorias era ensurdecedor. Eu fui levada ao choro, mas ele não teve
piedade. Eu estava sendo punida pelo mal comportamento de dias atrás; E ele
estava, embora não quisesse admitir, provando pra si mesmo, que tinha o controle
de sua escrava em suas mãos. Ele me tomou pra sí na frente de todos da
confraria. Eu não conseguia sentir vergonha. Eu era livre. E gozei livre.
Porque esse era meu direito de escrava. Ele me invadia com seu membro e ainda
dentro de mim, me cortava a pele. Depois me puxava pra ele e o movimento
tratava de abrir os cortes. Eu sangrava e era levada pelo cheiro do sangue e
pela força com que ele me penetrava, a um ecstasy mágico. O sangue escorria
pela minha pele e tocava a dele. Eramos um. Eu era dele não por ser, pra ele,
bottom. Eu era dele porque eu era parte dele. E ele era parte de mim. Eu não
pertencia a uma classificação. Eu pertencia àquela loucura toda que só ele era
capaz de fazer nascer em mim. O frenesi, o desejo em desespero, o prazer no
ponto máximo de sua potencia.... seu membro que dentro de mim latejava e crescia
ainda mais a ponto de me preencher por inteiro. Ah, nem sei se eu era escrava,
ou se era simplesmente mulher. Mas aquilo era tudo que eu sempre havia sonhado.
Ele gozou dentro de mim e isso, mais ainda que o meu próprio gozo, foi o auge
da minha realização.
Voltei pra casa, para o meu dia a
dia. Armand me visitava com frequência. E às vezes trazia Miss Catsy e a naya
com ele. O Tony também se tornou uma presença constante em casa. Os outros eu
via mais nos fins de semana que passávamos no terreno, para termos tempo e
estrutura pra vivenciar nossos desejos e realizar nossas controversas praticas.
Alguns escravos se foram. Novos surgiram. Mas era sempre um prazer incrível estar
ali.
Em uma quarta feira à noite, JOSHUA
me ligou e pediu que eu fosse à casa um. Cheguei no terreno por volta das nove.
JOSHUA me aguardava atrás de um tabuleiro de xadrez.
- Scarlet, joga comigo. Eu preciso
saber com quem eu estou lidando... – ele disse, com certa tensão.
Eu ri
- Você sabe que eu não vou deitar o
meu rei, não sabe?
- Eu sei – ele disse.
E jogamos. Foi o jogo mais tenso da
minha vida. Mas depois de diversas horas de muita concentração, eu ganhei.
E é assim, viver enquanto grupo, sob
a liderança de um homem como o JOSHUA. Todos só tem a ganhar. Eu, swicher,
escrava de Armand, tenho orgulho de ser uma integrante oficial e ativa dos
Sete. E tenho vivido momentos inacreditáveis. Tudo aquilo que tanta gente
sonha, eu sinto. Todo o prazer. Toda a intensidade. Nada menos que isso me
seria aceitável.
Bem, aqui concluo minha missão e encerro meu relato, esperando ter conseguido transmitir um
pouco da riqueza dessa experiência, embora eu saiba que só passando pelo mesmo que eu
seria possível a alguém compreender toda a beleza e o tormento de se viver assim.
A todos que por ventura vierem a ter contato com esse relato, fica o meu carinho, e o meu desejo de que a nossa história, a história dos Sete, possa trazer à luz novas idéias, novos planos e, quem sabe, até mesmo, um novo caminho.
Scarlet
*********
NOTA: Creio que seja desnecessário dizer
que eu permiti que a Scarlet saísse vitoriosa no xadrez. Era importante criar
nela essa sensação de independência e superioridade, para que ela venha a agir
de acordo com meus planos para o futuro dos SETE.
Mas na dúvida, melhor confirmar o que devem ter percebido sobre mim. Posso ter muitos defeitos, mas eu nunca perco um jogo de xadrez!
JOSHUA
FIM
7 comentários:
tavi,
Estou sem palavras. Você conseguiu extrair de mim o que pouquissimas pessoas conseguiram. Por vezes me vi angustiado, ansioso, tenso, alegre, radiante, enfim, tendo um misto de sentimentos ao ler e acompanhar este conto.
A cada parte publicada, mais eu me via nele, mais eu me identificava com ele, mais eu me viciava nele.
Você tem um dom fantástico.
É simplesmente delicioso ler e conhecer você através dos teus textos.
Te parabenizar pelo conto é muito pouco, mas na falta de algo que realmente mensure o que senti, eu digo: PARABÉNS!!
Sem dúvida, este conto ficará por muito tempo como um dos melhores e mais completos contos que eu já li, ao longo da minha vida.
Um beijo enorme querida
SENHOR ÁSGARÐ
De escritor para escritora: parabéns! Qualquer coisa que eu diga será apenas repetição do que o SENHOR ÁSGARÐ já disse. Sempre gostei dos teus textos e reforço aqui a minha convicção neles: são ótimos; conseguem prender a atenção e criam identidade com o leitor.
Beijo.
De tirar o fôlego, tavi...me lembrei muito da nossa conversa em que me mostrou, meses atrás, um pequeno trecho desse conto. Espero que um mundo assim seja possível.
Um brinde às contradições!
beijos meus,
Pam
Tavi, eu te falei quando a conheci pessoalmente a anos atras o quanto eu admirava seus textos. Não esperava menos de voce com todo esse talento de decifrar em palavras os sentimentos e emoções das pessoas. Sua historia é comovente, tambem me vi nela em alguns momentos, e confesso, que me vi muito mais nela nesse capitulo final, logo no inicio quando fala da transição da submissa. Pena estar meio longe de SP, e não ter um grupo a frequentar, mas eu e o SIR MAGNO agora vivendo juntos estamos realizando o que sonhavamos e vi que minha escolha aconteceu na hora certa.
Parabens, espero que continue nos presenteando com seu talento.
Beijos
muito obrigada, mila.
Beijos com saudades!
E parabens pela união de vcs!
Tavi li o seu conto assim que comecei a conhecer Gor..
E hoje voltei para reler...
O que dizer que o SENHOR ASGARD não tenha dito...
Foi o melhor conto BDSM que já li!!!
Meus parabéns...
Ficou impecável...atraente e delicioso...
PS seu sadismo não me pegou desta vez..
quando eu conheci o conto todo ele ja estava escrito, e foi lido de uma só vez...(mostrando a lingua) rrsr
Bjnhos querida tavi e mais uma vez..
Parabéns!!!
Tavi li o seu conto assim que comecei a conhecer Gor..
E hoje voltei para reler...
O que dizer que o SENHOR ASGARD não tenha dito...
Foi o melhor conto BDSM que já li!!!
Meus parabéns...
Ficou impecável...atraente e delicioso...
PS seu sadismo não me pegou desta vez..
quando eu conheci o conto todo ele ja estava escrito, e foi lido de uma só vez...(mostrando a lingua) rrsr
Bjnhos querida tavi e mais uma vez..
Parabéns!!!
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